Com a névoa dissipada e a harmonia restaurada, a floresta celebrou por sete dias e sete noites. Fadas dançaram ao luar, duendes prepararam doces de mel silvestre e os gnomos esculpiram pequenas estátuas em madeira de mogno em homenagem a Elara. No entanto, enquanto todos festejavam, a feiticeira sentia uma inquietação no fundo do coração. Algo no ar ainda parecia fora de equilíbrio.
Na manhã seguinte ao fim das celebrações, um corvo de penas azul-escuro, um mensageiro ancestral pousou suavemente no parapeito da janela da cabana de Elara. Em seu bico, carregava um pergaminho lacrado com um selo em forma de espiral dourada: o símbolo do Círculo das Guardiãs Primordiais, uma ordem secreta de feiticeiras que protegiam os pontos de magia mais antigos do mundo.
Com dedos cuidadosos, Elara rompeu o selo e leu a mensagem. As palavras brilharam em tinta prateada:
“Elara, a névoa era apenas um prenúncio. O Equilíbrio das Linhas da Terra está sendo corrompido. O Cristal do Coração Verde foi tocado pelas Sombras. Reúna os Fragmentos de Gaia. Você é a última que pode restaurar o elo perdido entre os mundos.”
Elara sentiu o sangue gelar. O Cristal do Coração Verde era a fonte de toda a vida na floresta encantada, escondido sob raízes antigas na Árvore de Vylendra. Se ele estivesse corrompido, toda a floresta estaria novamente em perigo — e talvez para sempre.
Determinada, ela selou sua cabana com um feitiço de proteção e partiu em busca dos Fragmentos de Gaia, relíquias mágicas escondidas em regiões distantes e perigosas. Cada fragmento representava um elemento essencial da natureza: Terra, Água, Fogo, Ar e Espírito.
O Primeiro Fragmento: Terra
Seu primeiro destino foi a Montanha Silenciosa, um lugar onde nenhum pássaro cantava e o tempo parecia suspenso. No coração de uma caverna guardada por um antigo troll de pedra, repousava o Fragmento de Terra, uma pedra pulsante envolta por raízes vivas.
O troll, ao ver Elara, bramiu:
— Ninguém passa… a menos que prove sua ligação com a Terra.
Sem hesitar, Elara ajoelhou-se e colocou as mãos sobre o solo. Murmurou palavras esquecidas, uma oração em idioma druidesco. As raízes ao redor se moveram, reconhecendo sua conexão. O troll, emocionado, afastou-se com um grunhido respeitoso, e Elara pegou o fragmento.
Ao tocá-lo, sentiu uma onda de força percorrer seu corpo. Um sussurro ecoou em sua mente:
“O coração da floresta está em ti. Prossiga, filha da natureza.”
Preparando-se para o Segundo Fragmento
Com o Fragmento de Terra guardado em uma bolsa de musgo encantada, Elara sabia que o próximo desafio a levaria ao Lago das Memórias Profundas, onde águas cristalinas escondiam segredos e onde o passado podia emergir sob a forma de ilusões.
Mas ela também sabia que quanto mais perto chegasse de reunir os fragmentos, mais forte se tornaria a força sombria que tentava corromper o Cristal do Coração Verde.
Elara não estava apenas lutando contra uma névoa ou contra desequilíbrios naturais — ela enfrentava uma ameaça antiga, algo que talvez conhecesse sua origem…
E ao longe, no topo de uma torre esquecida, um par de olhos vermelhos se abriu.